quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Doses Homeopáticas #12


Após um antecessor enrolado, eis que O HOBBIT: A DESOLAÇÃO DE SMAUG surpreende. A continuação das aventuras de Bilbo e dos anões liderados por Gandalf é dinâmica e faz uma ótima ponte com os eventos mostrados na trilogia O Senhor dos Anéis. Até mesmo a elfa Tauriel, personagem inexistente no livro, funciona muito bem. Mas, claro, todos esperavam a aparição de Smaug, o terrível, e não é que Peter Jackson – e sua equipe de efeitos especiais - conseguiu fazer o dragão tão ameaçador como ele é descrito nas páginas de Tolkien? Enfim, não dá para reclamar tanto de O HOBBIT: A DESOLAÇÃO DE SMAUG, a não ser pela fidelidade de Jackson à mania chata de acabar o filme num momento crucial, daqueles que clamam pela sequência. Enfim, pelo menos há o que comemorar, pois voltamos em grande estilo à Terra Média.


O cineasta Hong Sang-soo é frequentemente comparado a Eric Rohmer. Afora essa aproximação que, a despeito do visível talento do oriental, tende a lhe desfavorecer, pois o coloca lado a lado com um grande artista francês, vejamos seus filmes pelo que representam, não apenas individualmente, mas em conjunto. Pois, como li por aí, o cinema de Sang-soo se repete por procedimento, não vitimado pela escassez de ideias. Em FILHA DE NINGUÉM temos a jovem adulta Haewon, às voltas com a mudança da mãe para o Canadá e com o relacionamento mantido com um professor casado. Seu cotidiano de incertezas é povoado de dilemas existenciais apresentados no que eles têm de mais cotidiano. Nada parece acontecer, mas é nessa aparente inércia que se aloja a força dramática de FILHA DE NINGUÉM.


A GRANDE BELEZA, de Paolo Sorrentino, faz bonito frente à tradição grandiosa do cinema italiano, feita dos trabalhos de Fellini, De Sica, Visconti, Antonioni, Monicelli, entre tantos outros. Que grande filme esse protagonizado por um jornalista habituado a festas tão vazias quanto excêntricas, que reflete sobre a vida em meio à burguesia e as particularidades de uma Roma próxima (porém, atualizada) daquela registrada por Fellini em A Doce Vida.  Que imagens exuberantes: a da girafa, a do transatlântico naufragado, a da religiosa centenária subindo uma escada de joelhos, a da notícia inesperada da morte de alguém importante do passado, etc. Que trilha sonora, que fluidez visual feita de travelings e outras concepções que dão à imagem o status e a função merecidos. Até onde lembro, poucas vezes o cinema recente se aproximou com tanta habilidade da “magia” que parecia perdida lá pelos anos sessenta. Que filme, que filme.


As quatro histórias que formam UM TOQUE DE PECADO são interligadas pela violência, não raro último recurso dos personagens para lidar com um mundo desonesto, inescrupuloso e avesso às soluções diplomáticas. Jia Zhang Ke mostra a China longe daquele modelo de desenvolvimento que nos é vendido, bem distante da imagem ascendente da nação superpopulosa, tida por especialistas como exemplo de soberania e crescimento. Essa “denúncia” surge banhada em sangue, cujo pigmento evidencia por saturação a catarse de gente que não suporta mais sobreviver ao invés de viver. As intenções são as melhores possíveis, e não me pareceu que a violência seja exacerbada ou destituída de propósito. Contudo, UM TOQUE DE PECADO me soou um tanto cansativo, longo e vítima da reiteração.



Assistir ESQUECERAM DE MIM no Natal faz todo sentido, pois, afinal de contas, é justo na véspera da data mais famosa de dezembro que a família McAllister, de viagem a Paris, esquece o filho mais novo. Como desgraça pouca é bobagem, além de estar sozinho, Kevin precisa lidar com uma dupla de ladrões que resolve depenar a casa. Mal imaginavam eles que o garoto deixaria o medo de lado e armaria uma série de arapucas para defender o lar de sua família. Com grandes nomes envolvidos (John Williams na trilha sonora, John Hughes no roteiro, Joe Pesci no elenco), ESQUECERAM DE MIM é um filme divertido para caramba, ainda mais quando entra naquela etapa onde cada tentativa de arrombamento dos ladrões resulta numa punição digna dos desenhos animados. Além disso, guarda uma mensagem bonita para o fim, onde a superação do medo do garoto encontra ecos na reconciliação do vizinho misterioso com sua própria família.    

3 comentários:

  1. Não tem jeito: a grande beleza salta se sobrepõe aos outros filmes citados! ! Uma tentação cinefila para quem lê ou escuta vc falando sobre ele!

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  2. Realmente, Carol, quando um filme agrada muito, como foi o caso de A GRANDE BELEZA, até a escrita fica melhor, mais empolgada...hehe

    Acho que você também irá gostar.

    Beijos

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