Cresci assistindo Superman II, empolgado com o conflito
nele existente entre o Super-Homem e os fugitivos da Zona Fantasma. O general
Zod (Terence Stamp) sempre me pareceu o melhor dos antagonistas, ao menos o único
capaz de enfrentar em pé de igualdade o quase indestrutível herói escondido por
trás das lentes de Clark Kent (Christopher Reeve). Pois bem, sobrou-me um misto
de alegria e decepção após revisitar esse filme outrora marcante. Inevitável
que, transcorridos mais de 30 anos, ele agora soe datado e repleto de ideias
meio bobas. Ora, se alguns longas mais artísticos e plurais sofrem os efeitos
da passagem do tempo, o que dizer sobre um blockbuster
de ação, reflexo direto, sobretudo, dos anseios da plateia infanto-juvenil de
determinado período?
O início condensa o filme
anterior, num resumo feito para lembrarmos os acontecimentos precedentes. Depois,
Clark tenta atrair a atenção de Lois Laine (Margot Kidder), enquanto ela se mostra
ávida na mesma medida por prêmios e pelo Super-Homem. Ao salvá-la de ataque
terrorista na Torre Eiffel, ele detona a bomba de hidrogênio que acidentalmente
liberta os três mais perigosos kryptonianos,
aprisionados na Zona Fantasma: Zod, Ursa e Non. Ignorante quanto ao fato, Clark
segue tentando conquistar a jornalista mais intrépida do Planeta Diário, isso
até ela descobrir seu grande segredo e testemunhar uma renúncia importante. Ao
passo que o Super decide abdicar dos poderes, com direito a jantar romântico no
Polo Norte e tudo, a galera do mal “toca o terror” no mundo desprotegido.
Aí vem minha parte favorita. Já
na condição humana, Clark toma surra ao tentar defender Lois de um valentão
qualquer, assombrando-se com o fato de sangrar, por exemplo. Isso, somado às
notícias do golpe liderado por Zod, o faz voltar atrás e querer novamente ser
além de repórter ordinário. Orgulho ferido diante da mulher amada ou nobre
senso de justiça? Você escolhe. Essa é das muitas sequências que perdem em
drama e ganham em humor à medida que confrontadas com os parâmetros atuais,
tanto dos filmes de herói quanto das obras de ação em geral. Claro, Superman II tem seu charme e, de alguma
maneira, é interessante notar como os responsáveis driblavam os poucos recursos
técnicos da época para criar cenas de voo, destruição, entre outras hoje muito
mais corriqueiras por conta dos avanços digitais.
Sem condescendência ou saudosismo
exacerbado, dá para dizer: Superman II é
filme que envelheceu mal, aliás, como não poderia deixar de ser, pois realizado
com os efeitos e a mentalidade entertainer
da época. Deixa-se ver numa boa, caso evitemos pegar no pé dessa roupagem
defasada e nos atenhamos à graça do idílio amoroso do Super-Homem ou das outras
atitudes ordinárias do alterego que nos parodia. Mesmo kryptoniano, humano, demasiadamente humano esse Kal-El do filme de
Richard Lester, contudo de jeitão bastante ingênuo, verdade seja dita.
Publicado originalmente no Papo de Cinema
Pois é, filme de infância muitas vezes na infância deve permanecer.
ResponderExcluirGrande abraço.