domingo, 16 de março de 2014

SUPERMAN II


Cresci assistindo Superman II, empolgado com o conflito nele existente entre o Super-Homem e os fugitivos da Zona Fantasma. O general Zod (Terence Stamp) sempre me pareceu o melhor dos antagonistas, ao menos o único capaz de enfrentar em pé de igualdade o quase indestrutível herói escondido por trás das lentes de Clark Kent (Christopher Reeve). Pois bem, sobrou-me um misto de alegria e decepção após revisitar esse filme outrora marcante. Inevitável que, transcorridos mais de 30 anos, ele agora soe datado e repleto de ideias meio bobas. Ora, se alguns longas mais artísticos e plurais sofrem os efeitos da passagem do tempo, o que dizer sobre um blockbuster de ação, reflexo direto, sobretudo, dos anseios da plateia infanto-juvenil de determinado período?

O início condensa o filme anterior, num resumo feito para lembrarmos os acontecimentos precedentes. Depois, Clark tenta atrair a atenção de Lois Laine (Margot Kidder), enquanto ela se mostra ávida na mesma medida por prêmios e pelo Super-Homem. Ao salvá-la de ataque terrorista na Torre Eiffel, ele detona a bomba de hidrogênio que acidentalmente liberta os três mais perigosos kryptonianos, aprisionados na Zona Fantasma: Zod, Ursa e Non. Ignorante quanto ao fato, Clark segue tentando conquistar a jornalista mais intrépida do Planeta Diário, isso até ela descobrir seu grande segredo e testemunhar uma renúncia importante. Ao passo que o Super decide abdicar dos poderes, com direito a jantar romântico no Polo Norte e tudo, a galera do mal “toca o terror” no mundo desprotegido.

Aí vem minha parte favorita. Já na condição humana, Clark toma surra ao tentar defender Lois de um valentão qualquer, assombrando-se com o fato de sangrar, por exemplo. Isso, somado às notícias do golpe liderado por Zod, o faz voltar atrás e querer novamente ser além de repórter ordinário. Orgulho ferido diante da mulher amada ou nobre senso de justiça? Você escolhe. Essa é das muitas sequências que perdem em drama e ganham em humor à medida que confrontadas com os parâmetros atuais, tanto dos filmes de herói quanto das obras de ação em geral. Claro, Superman II tem seu charme e, de alguma maneira, é interessante notar como os responsáveis driblavam os poucos recursos técnicos da época para criar cenas de voo, destruição, entre outras hoje muito mais corriqueiras por conta dos avanços digitais. 

Sem condescendência ou saudosismo exacerbado, dá para dizer: Superman II é filme que envelheceu mal, aliás, como não poderia deixar de ser, pois realizado com os efeitos e a mentalidade entertainer da época. Deixa-se ver numa boa, caso evitemos pegar no pé dessa roupagem defasada e nos atenhamos à graça do idílio amoroso do Super-Homem ou das outras atitudes ordinárias do alterego que nos parodia. Mesmo kryptoniano, humano, demasiadamente humano esse Kal-El do filme de Richard Lester, contudo de jeitão bastante ingênuo, verdade seja dita. 


Publicado originalmente no Papo de Cinema 

Um comentário:

  1. Pois é, filme de infância muitas vezes na infância deve permanecer.

    Grande abraço.

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