Em Uma Noite Sobre a Terra, Jim Jarmusch tem como pano de fundo das cinco
histórias: o breu da noite, cidades diferentes e conversas inusitadas que
acontecem em táxis.
Muito atraente desde a primeira
cena, o filme nos leva, de forma leve, a querer saber o que acontecerá com os
personagens, todos eles suis generis,
como, por exemplo, o taxista estrangeiro perdido nas ruas de Nova Iorque, ou a
garota cega, em Paris. Nesse contexto singelo e muito interessante, Jim Jarmusch
vai deixando marcas bastante conhecidas, vistas em seus filmes anteriores.
As mini narrativas contam com alta
dose de humanidade, paradoxalmente explorada a partir de personagens
aparentemente sem muita importância. E é nesse ritmo que vemos uma inversão de
papéis entre as duplas. Onde um vive a realidade do outro, sem ser o outro.
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Uma Noite Sobre a Terra é daqueles filmes fragmentados, feito de
pequenas histórias aparentemente autônomas e/ou aleatórias, mas que formam um
conjunto coeso quando notamos as similaridades. Todas as tramas se passam
basicamente dentro de táxis, e começam opondo condutor e passageiro. As interações
evidenciam diferenças, mas logo, e de uma maneira bastante orgânica, universos
que pareciam até então díspares vão encontrando insuspeitos pontos de conexão. Nesse
sentido, talvez a melhor história seja a do motorista alemão (na verdade um
palhaço vindo da Alemanha Oriental) que cede o volante (por inabilidade) a um
negro que precisa voltar ao Brooklyn.
Também é interessante notar como Jim
Jarmusch começa todos os fragmentos descrevendo brevemente entornos feios,
desgastados, ruelas escuras e nada convidativas, mesmo quando estamos em Paris
ou em Roma, cidades que vêm à nossa mente prioritariamente como destinos
turísticos. Aliás, na parte de Roma, até a verborragia acelerada (e por vezes
quase insuportável) de Roberto Begnini é muito bem utilizada. O último
segmento, passado em Helsinki, é uma óbvia homenagem do americano aos Kaurismäki
(os cineastas Aki e Mika), seja por dar o nome deles a dois personagens ou por
utilizar como protagonista o ator Matti Pellonpää, colaborador frequente de
Aki.
Muito bom, gurizada, muiro bom.
ResponderExcluirValeu pela leitura de sempre, Rafa.
ExcluirAbraços